A coordenadora do atletismo do Benfica classificou este domingo a ‘dobradinha’ dos ‘encarnados’ no Nacional de Clubes em pista coberta como o dia mais importante da sua vida, argumentando que a modalidade se faz de paciência e insistência.
“O atletismo também é isto, é uma modalidade de paciência e insistência. Andamos anos e anos à procura de evoluir 30 centésimos, 30 centímetros, desta vez foi 30 anos”, disse à agência Lusa Ana Oliveira, aludindo ao duplo título em masculinos e femininos hoje conquistado em Pombal, que fugia ao Benfica desde 1994.
“Hoje talvez seja o dia mais importante da minha vida. Não só porque ganhámos, mas o significado que estas vitórias têm: mostra juventude, mostra que o atletismo está vivo, mostra que há qualidade e talento no atletismo e mostra que os clubes são a grande alma do desporto em Portugal”, frisou Ana Oliveira.
O “dia muito especial” da responsável benfiquista ocorreu “num clube ganhador, habituado a ganhar e muito”, algo que a história e os factos “comprovam” e numa modalidade “com grandes investimentos, com muito talento, que tem mostrado ao longo dos anos que é sempre possível haver renovação”.
No entanto, Ana Oliveira defendeu que o trabalho dos clubes devia ser muito mais reconhecido e valorizado, principalmente numa modalidade “que não tem visibilidade nenhuma ao nível dos media, e, quando tem, geralmente não é por coisa boa”.
A coordenadora do Benfica deixou ainda reparos à Federação Portuguesa de Atletismo e uma mensagem: “Valorize mais os clubes, todos os clubes, não só o Benfica. Muitos deles poupam o ano inteiro e os seus dirigentes passam horas, dias, numa luta para conseguirem verbas. E eu digo isto quando ganho e quando perco, a federação tem de rever este modelo de competição, isto não pode acontecer três ou quatro vezes por ano e acontece porque são os próprios protagonistas que fazem a festa”.
Do lado do Sporting, clube que viu o Benfica ‘roubar-lhe’ a dobradinha alcançada em 2023, o diretor do atletismo, Paulo Reis, notou que os campeonatos de pista coberta “são sempre muito equilibrados”.
“O ano passado ganhámos por meio ponto [em masculinos], este ano perdemos por um ponto. A equipa bateu-se muito bem, teve um fim de semana excelente, recordes pessoais, ganhámos sete provas individuais, mas, depois, tivemos ali dois terceiros lugares em provas em que sabíamos ter dificuldades e acabámos por perder por um ponto”, analisou o também técnico ‘leonino’.
No setor feminino, Paulo Reis disse que as suas atletas “também fizeram um excelente campeonato e que o Nacional de Clubes de pista coberta ficou marcado pela desclassificação da atleta ‘leonina’ da marcha.
“Nem sequer teve oportunidade de chegar ao fim. Na pior das hipóteses ficaríamos em segundo lugar, faríamos sete pontos. Perdemos por três [na classificação final], portanto, ganharíamos com algum conforto”, argumentou.
Por outro lado, as lesões que afetam a equipa titular do Sporting no setor feminino também concorreram, segundo o dirigente, para a classificação deste ano.
“Temos cinco atletas que não estão a conseguir competir”, notou.
Questionado pela Lusa sobre o motivo que levou os responsáveis do Sporting a formalizar um protesto no setor masculino – e que levou a que o anúncio dos resultados finais e a cerimónia do pódio atrasassem mais de 30 minutos –, Paulo Reis aludiu a uma situação protagonizada por um atleta do Benfica, que competiu “todo de preto”, sem a camisola do clube, o que, segundo os regulamentos, poderia levar à desclassificação.
No entanto, ainda de acordo com Paulo Reis, o protesto foi indeferido, alegadamente por os juízes não terem avisado o atleta benfiquista dessa desconformidade.