Algumas dezenas de jornalistas moçambicanos marcharam hoje em Maputo contra a “impunidade” em crimes contra a classe, uma caminhada que culminou com a submissão de uma petição à Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Deixámos uma petição em que pedimos uma ação enérgica por parte do Ministério Público, em relação aos crimes contra os profissionais da comunicação social”, declarou Jeremias Langa, presidente do Instituto para a Comunicação Social da África Austral – (Misa Moçambique), um organização não-governamental que convocou a marcha, momentos após a submissão do documento.
A marcha foi convocada também para exigir o esclarecimento do caso de João Chamusse, jornalista moçambicano e comentador televisivo morto na quinta-feira na sua residência em Maputo, em circunstâncias ainda não esclarecidas.
“Deixámos um outro documento, que é uma queixa-crime contra desconhecidos (…) Fundamentalmente, viemos deixar aqui um apelo ao Ministério Público para que exerça aquilo que são as suas atribuições de titular da ação penal, que façam uma investigação séria e profunda que nos permita chegar à verdade do material”, observou Jeremias Langa.
Entoando hinos de exaltação à liberdade de expressão e de imprensa, o grupo, composto também por ativistas, percorreu cerca de dois quilómetros da Avenida Vladimir Lenine até à PGR, gritando, em coro, “Chamusse, a tua voz não vai calar”, em homenagem ao jornalista moçambicano morto.
João Chamusse, de 59 anos, foi encontrado morto na quinta-feira no quintal da sua residência, em Nsime, na província de Maputo, sem roupa e com um ferimento na nuca.
Na sexta-feira, a Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou a detenção de um suspeito de ter assassinado Chamusse, um cidadão de 44 anos que era um vizinho do jornalista.
Piloto comercial de formação, pela Escola Aeronáutica de Lisboa, João Chamusse era diretor editorial do jornal eletrónico “Ponto por Ponto” e comentador televisivo, caracterizando-se por uma abordagem crítica, irónica e, por vezes, cómica, sobretudo em temas de política interna.