Vídeos que prometem “diagnosticar” transtornos psicológicos em poucos segundos estão a multiplicar-se no TikTok e no Instagram, numa tendência que psicólogos e psiquiatras descrevem como perigosa e enganadora. O fenómeno ganhou força entre adolescentes e jovens adultos, que muitas vezes recorrem às redes sociais antes de procurar ajuda médica, identificando-se com sintomas apresentados de forma superficial e descontextualizada.
Especialistas alertam que listas simplificadas de sinais de ansiedade, depressão, hiperatividade, bipolaridade ou autismo ignoram a complexidade dos diagnósticos clínicos e podem levar a conclusões erradas. Bastam dois ou três comportamentos comuns — como cansaço, dificuldade de concentração ou irritabilidade — para muitos utilizadores acreditarem, de forma infundada, que têm uma perturbação mental. Profissionais explicam que isto aumenta a ansiedade, promove rotulagem inadequada e pode atrasar tratamentos realmente necessários.
Organizações internacionais de saúde mental têm vindo a reforçar que nenhum vídeo viral, nem testes de 30 segundos, substitui uma avaliação profissional. Além disso, alertam que transformar condições sérias em tendências digitais trivializa doenças e contribui para a disseminação de estigmas, desinformação e automedicação. As plataformas digitais são, por isso, desafiadas a promover conteúdos verificados, enquanto especialistas apelam a que os jovens procurem sempre apoio clínico antes de assumirem diagnósticos que podem afetar a autoestima, a identidade e o bem-estar emocional.
