A ministra da Agricultura e da Alimentação referiu hoje que autarcas de todas as forças políticas, associações, confederações e agricultores mostraram-se favoráveis à escolha de Carla Alves para o Ministério e, mais tarde, para secretária de Estado.
“Escolhi alguém que tecnicamente me pudesse ajudar a dar continuidade às políticas e, claramente, o currículo da engenheira Carla Alves e o reconhecimento da sua experiência pelos agricultores, associações e confederações [foram tidos em conta]. Todos eram favoráveis a esta pessoa”, afirmou Maria do Céu Antunes, que falava aos deputados na comissão parlamentar de Agricultura e Pescas.
A governante está a ser ouvida no parlamento sobre a polémica em torno de Carla Alves, na sequência de requerimentos dos grupos parlamentares do Chega, Iniciativa Liberal (IL) e do PSD, bem como da deputada única do PAN.
A ministra da Agricultura e da Alimentação lembrou que Carla Alves entrou para diretora regional de agricultura e pescas do Norte, em 2018, depois de se ter submetido a um processo pela CRESAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública).
Maria do Céu Antunes notou ainda que, ao longo de quatro anos, Carla Alves desenvolveu um trabalho “de grande responsabilidade”, nomeadamente na cogestão de fundos europeus.
“Autarcas de todas as forças políticas, confederações, associações e agricultores” reconheciam a sua competência e perfil de grande proximidade ao setor, reiterou.
Neste sentido, vincou que “nada indicava” que Carla Alves não reunia condições para assumir o cargo de secretária de Estado da Agricultura, em substituição de Rui Martinho, que pediu para sair por motivos de saúde.
Em 05 de janeiro, um dia após tomar posse, Carla Alves apresentou a sua demissão por entender não dispor de “condições políticas e pessoais” para iniciar funções, depois de o jornal Correio da Manhã ter noticiado o arresto de contas bancárias conjuntas que a então secretária de Estado da Agricultura tinha com o marido.
O Ministério Público acusou de vários crimes e mandou arrestar bens do advogado e antigo autarca socialista, que saiu da liderança do município em 2017, num processo de mais de 4,7 milhões de euros que tem mais três arguidos.
Horas antes de ser conhecida a demissão, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tinha considerado que Carla Alves tinha uma “limitação política”.
O primeiro-ministro, António Costa, já assegurou que mantém a confiança política em Maria do Céu Antunes, numa altura em que tem lidado com várias demissões no seu Governo.